O PODER DOS INSTINTOS
Publicado em 1930, O mal-estar na cultura desenvolve e aprofunda algumas ideias contidas em O futuro de uma ilusão (1927), como, por exemplo, a ideia de que a religião é uma neurose coletiva.
Entretanto, Freud não se limita a tratar da religião, mas estende sua análise à própria cultura. Esta, segundo ele, é um processo a serviço de eros, o impulso de vida, "que deseja reunir indivíduos humanos isolados, depois famílias, então tribos, povos e nações em uma grande unidade, a humanidade". Contudo, eros não age sozinho, mas associado, em graus variáveis, ao impulso de morte ou destruição, que se esforça por dissolver, por aniquilar aquelas unidades reunidas pelo impulso de vida. Assim, em vez de coesão e harmonia, perpetuam-se a tensão e o conflito: ao esforço de aperfeiçoar a cultura, que é o esforço de eros, opõe-se, sem cessar, "o natural impulso agressivo do homem, a hostilidade de cada um contra todos e de todos contra cada um".
Essa ação combinada, mas conflituosa, entre eros e o impulso destrutivo pode ser observada nas perversões sexuais. Nestas, o gozo sexual não pode prescindir de uma agressão dirigida para fora (sadismo) ou para dentro do sujeito (masoquismo).
Comentários
Enviar um comentário